segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SURDEZ MAQUINÓIDE

Pouco mais de 15h e a cidade está plena movimentação. Nervosa, agitada, muitos e diferentes sons e o corre-corre das pessoas, de um lado para o outro. De repente faltou luz na cidade! Aos poucos os sons das máquinas foram diminuindo e o silêncio se tornando cada vez maior. Começamos a ouvir mais claramente e mais alto os sons da vozes das pessoas, em suas conversas. Os que falavam mais alto perceberam que tinham de diminuir um pouco mais o tom de sua voz, porque os outros já lhe ouviam melhor e todos foram acalmando seus ânimos. Quem tinha dificuldade para ouvir pôde relaxar um pouco mais porque estava escutando aquilo que era dito agora. O cérebro foi sentindo uma espécie de alívio, e ficou mais fácil entender, compreender e comunicar as coisas, com o uso da voz, ainda que por alguns (poucos) minutos. O suficiente para aliviar os ouvidos e a cabeça. Percebi então que toda a poluição sonora à nossa volta nos leva a contrair uma doença que chamo aqui de "SURDEZ MAQUINÓIDE". Um tipo de surdez provocada pelo excesso de barulho produzido pelas máquinas, os motores e outros sons que juntos acabam transformando nossos de corpos de carne e osso, em máquinas humanas. Temos que disputar espaço com as máquinas que, apesar de nos ajudarem em algumas coisas, nos tiram privilégios que são importantes demais para nossa sobrevivência, como "ouvir bem" as vozes humanas (nossos semelhantes). Notei que este fato também provoca irritabilidade, agressividade, insensibilidade e debilidade física e emocional, causando um estresse muito grande para a vida e dificuldade enorme para cultivar nossos relacionamentos "humanos". Parece que a humanidade, hoje, tem mais facilidade de se comunicar com uma máquina ou através da máquina, do que um com o outro, olho no olho, cara a cara. Agora surgiu em minha mente um questionamento: como estará tudo isto daqui a uns dez anos?

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